O uso do encefalograma em pacientes em coma ou estupor ajuda a proteger o cérebro contra convulsões

Alguns se referiram a ela como uma epidemia silenciosa em pacientes graves em hospitais de todos os lugares. Acontece que muitos pacientes que estão em coma ou estupor (podem ser acordados brevemente com estímulos vigorosos) estão tendo convulsões sem manifestações externas óbvias. Convulsões são alterações na função cerebral devido à atividade elétrica anormal do cérebro, onde muitas células disparam ao mesmo tempo.

Em uma pessoa acordada, isso geralmente se manifesta por não responder por alguns minutos; menos frequentemente, progride para uma convulsão mais dramática do tipo “grande mal”, com rigidez do corpo inteiro, tremor e queda.

Em pacientes críticos em unidades de terapia intensiva (UTIs), a atividade elétrica anormal pode não mostrar manifestações óbvias. Isso é chamado de “crises não-convulsivas” ou “crises eletrográficas”.

Segundo o Dr Larry Hirsch, da Universidade de Yale e responsável pela padronização das anormalidades cerebrais que podem ocorrer no eletroencefalograma de pacientes em UTI, pensava-se que essas crises não-convulsivas eram raras. No entanto, elas são realmente comuns, observadas em 10 a 20% dos pacientes nos quais as ondas cerebrais são registradas, e ainda mais frequentes se os pacientes estiverem em coma, tiveram crises anteriormente ou tiveram uma algum tipo de lesão cerebral aguda conhecida (derrame, trauma, tumor etc.).

Como detectar a crise

Ainda segundo o Dr Hirsch, investigações demonstraram que a maioria das crises em pacientes de UTI são não-convulsivas. Para diagnosticá-las, eletroencefalograma (EEG) deve ser feito. Isso é realizado por um tecnólogo especialmente treinado, conectando eletrodos ao couro cabeludo (usando algum tipo de cola) para registrar as ondas cerebrais por horas ou dias. Isso é interpretado por um neurologista ou neurofisiologista com treinamento especial em análise de EEG.

Crises não convulsivas demonstraram correlação com pior resultado em uma variedade de populações de pacientes. As convulsões levam a uma demanda metabólica adicional por células cerebrais; quando o cérebro e o corpo já estão doentes, isso nem sempre é bem tolerado. Assim, acredita-se que o diagnóstico e o tratamento precoce dessas convulsões salvem as células cerebrais e conduzam a melhores resultados.

Hospitais de todo o mundo estão trabalhando em maneiras de obter o EEG rapidamente e interpretá-los em tempo hábil. Isso requer equipamentos, pessoal, conhecimentos especializados em tecnologia da informação (para poder ler os estudos remotamente em tempo real), tempo e dinheiro.

Estudos preliminares sugerem que o investimento em um serviço de monitoramento contínuo de EEG leva a melhores resultados (menos dias na UTI, melhor sobrevivência, melhores resultados cognitivos) e pode realmente economizar dinheiro a longo prazo.

 

Artigo produzido por Dr. Arthur Cukiert e veiculado no site Veja Online. Matéria original disponível aqui.

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