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Cirurgia de hipófise: quando uma disfunção nesta glândula exige procedimento cirúrgico?
O bom funcionamento do corpo humano depende de inúmeros fatores, sendo o desempenho correto da hipófise (glândula pituitária) um dos mais importantes. Quando ocorre uma disfunção hormonal, existe chance de o problema estar relacionado a ela e – dependendo do diagnóstico – pode ser necessária a realização da cirurgia de hipófise para a sua resolução. A boa notícia é que se trata de um procedimento minimamente invasivo, com alta taxa de sucesso e de rápida recuperação.
Dr. Arthur Cukiert, neurocirurgião especializado em cirurgia de hipófise, explica: “A hipófise é uma glândula de 8mm de diâmetro, localizada na parte central da base do crânio, embaixo do cérebro (encéfalo). Ela não faz parte do cérebro, mas está conectada a ele. Sua função é controlar todas as outras glândulas do organismo por meio da secreção de hormônios. Glândulas estas responsáveis pelo desenvolvimento e funcionamento de todo o nosso organismo”.
Entre os hormônios ligados à hipófise estão:
• Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH): controla o funcionamento da glândula suprarrenal;
• Hormônio antidiurético (ADH): ajuda o nosso corpo a eliminar água pelos rins.
• Hormônio do crescimento (GH ou Somatotrofina): promove o desenvolvimento de todo o organismo – cartilagens, ossos e tecidos.
• Hormônio estimulante do melanócito: estimula a produção de melanina na pele;
• Hormônio folículo-estimulante (FSH): está diretamente relacionado à produção de folículo nos ovários e de espermatozoides nos testículos;
• Hormônio Luteinizante (LH): controla a produção de testosterona nos homens e a indução de ovulação e formação do corpo lúteo nas mulheres;
• Hormônio tireotrófico (TSH): estimula/regula a atividade da tireoide;
• Ocitocina: trabalha na secreção do leite pelas glândulas mamárias e facilita as contrações do músculo liso do útero no momento do parto.
• Prolactina: atua na produção de progesterona e de leite nas glândulas mamárias.
Agora que você já conhece algumas das funções da hipófise, fica mais claro como o excesso ou a falta de suas atividades podem ser prejudiciais ao nosso organismo. “Se a hipófise secretar o hormônio do crescimento em excesso pode ocasionar acromegalia ou gigantismo, enquanto sua ausência pode levar ao nanismo. Se liberada em excesso, a prolactina desencadeia lactação não relacionada à gestação. O excesso de cortisol pode levar ao surgimento da doença de Cushing, doença em que a mulher ganha peso, estria, e desenvolve hipertensão, diabete, entre outras comorbidades”, contextualiza Dr. Arthur.
Cirurgia de hipófise: quando é indicada?
Os motivos que levam a disfunções da hipófise nem sempre são claros, mas em alguns casos podem estar relacionadas a tumores – que em 99% dos casos são benignos, sendo o procedimento cirúrgico a única indicação efetiva para tratamento e onde o ideal é tirar a massa tumoral e manter a glândula pituitária.
Dr. Arthur esclarece que a ocorrência de tumores cerebrais é relativamente baixa – e dentro desta classe de tumor, 15 a 20% são de hipófise. “O bom neurocirurgião consegue remover o que causa a anormalidade sem danificar o organismo. É possível que alguém viva sem a glândula-mãe, mas seria necessário repor todos os hormônios, o que é extremamente desconfortável”.
Nos casos em que a disfunção é gerada por hipofisites, doenças autoimunes ou traumas, a cirurgia de hipófise não é indicada.
Como funciona a cirurgia de hipófise
Ela é considerada minimamente invasiva porque é realizada através de um acesso endoscópico endonasal (pelo nariz) transesfenoidal. Dependendo do caso, recomenda-se a atuação conjunta de especialistas junto ao neurocirurgião, tais como otorrinolaringologistas, neuroendocrinologistas, neuro-oftalmologistas, neurorradiologistas, neuropatologistas, oncologistas e, eventualmente, radioterapeutas. Este último profissional pode ser solicitado quando não é possível remover todo o tumor e há necessidade de técnicas adicionais, como a radioterapia.
A cirurgia de hipófise dura, aproximadamente, 1h30min e o tempo de recuperação é de, em média, dois dias, com alto índice de sucesso: “A Clínica Cukiert traz expertise na técnica, temos a maior casuística do Brasil. Já são mais de 2 mil pacientes operados com taxa de 90% de efetividade”, conta Dr. Arthur.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
Cirurgia Hipofisária, Neuroendocrinologia
Cirurgia Hipofisária
Os tumores hipofisários são em geral adenomas benignos com origem em uma célula da hipófise anterior. Quinze a 20% dos mesmos secretam hormônio do crescimento (acromegalia/gigantismo); 30-35% secretam prolactina (galactorréia); 10-15% secretam cortisol (Cushing); menos de 1% secretam hormônio estimulante da tireóide e 30-40% dos mesmos não possuem secreção específica.
Os tumores são em geral pequenos tumores (microadenomas) secretores ou grandes tumores não-secretores (macroadenomas). Os microadenomas são em geral detectados por sua secreção hormonal anormal enquanto que os macroadenomas são em geral diagnosticados quando exercem compressão sobre as estruturas vizinhas, em especial os nervos ópticos. Tumores não-secretores podem então permanecer asintomáticosa até que exercem compressão nas estruturas vizinhas.
Tumores hipofisários podem comprimir e danificar a hipófise normal, bem como podem protruir para fora da região da hipófise e comprimir o quiasma óptico (perda visual), a duramater (dor de cabeça), o hipotálamo (distúrbios endócrinos) e estruturas vasculares (derrames). O tratamento cirúrgico possui 2 objetivos: 1- Fazer regredir os sintomas devidos aos efeitos compressivos e 2- corrigir as anormalidades endócrinas. Mesmo tumores não-secretores podem produzir distúrbios endócrinos (por lesão da hipófise ou compressão do hipotálamo). Assim, uma avaliação endócrina completa é importante em todos os casos.
A cirurgia mais utilizada é a ressecção transesfenoidal destes tumores. Esta técnica ganhou grande aceitação e desenvolveu-se muito nos últimos 20 anos. Para tumores pequenos e não invasivo, encontra-se remissão em torno de 90-95% dos casos. Nos tumores maiores, 40-80% dos pacientes obterão remissão com cirurgia, dependendo especialmente do grau de invasão do tumor. A mortalidade associada à ressecção transesfenoidal é menor que 1% caso o procedimento seja realizado exclusivamente por neurocirurgião extremamente treinado nesta técnica. Os efeitos colaterais ou complicações podem incluir diabetes insipidus (falta do hormônio de controle da diurese- 1% dos casos) e fístula liquórica (4% dos casos). Outras complicações são incomuns, e a hospitalização dura em geral de 5-7 dias. Em algumas situações especiais, a cirurgia necessita incluir a abertura do crânio e aí podem existir riscos maiores.