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Parkinsonismo e doença de Parkinson são a mesma coisa?
Popularmente conhecida por seus sintomas motores no paciente, a doença de Parkinson apresenta mais desdobramentos do que podemos imaginar. Hoje, falaremos como a partir dela surgiu o termo parkinsonismo, que abriu o leque de estudos para outros distúrbios do movimento.
Diferença entre parkinsonismo e doença de Parkinson
A doença de Parkinson se origina basicamente pela perda da capacidade de produção da dopamina no cérebro. Esta substância está relacionada às diversas funções do nosso organismo e cujas deficiências podem ser vistas em sintomas como tremor involuntário quando se está em repouso, rigidez, contrações musculares, dificuldade de marcha, lentidão dos movimentos, perda de expressão facial, da capacidade vocal, articulatória e de deglutição, além de alterações do sono, do olfato (redução ou perda), do humor (depressão) e do hábito intestinal (constipação intestinal).
Também podemos denominar a doença de síndrome parkinsoniana ou parkinsonismo. Trata-se de termos usados para classificar um grupo de doenças que apresentam causas diferentes, mas englobam os sintomas mais comuns do Parkinson, como tremor, movimentos lentos e rigidez. É por isso que a doença de Parkinson também pode ser chamada de parkinsonismo primário. Assim, podemos dizer que a patologia é um tipo de parkinsonismo, mas nem todo parkinsonismo é Parkinson.
Parkinsonismo
Este termo é aplicado, principalmente, em estágios iniciais de distúrbios do movimento, quando o paciente apresenta os principais sintomas de Parkinson, mas ainda não há um diagnóstico confirmado.
Tipos de parkinsonismo
Atrofia de múltiplos sistemas
Quando um ou mais sistemas do corpo param de funcionar. Dentro do parkinsonismo, especificamente, é o sistema nervoso autônomo que é prejudicado. Aqui, existe uma gama de sintomas que podem variar entre disfunções da bexiga, hipotensão ortostática, dificuldade para respirar, disfunção erétil, entre outros.
Degeneração corticobasal
É o tipo de parkinsonismo com menor incidência. Entre os diferenciais da doença de Parkinson estão a perda de função em todo um lado do corpo, movimentos bruscos e involuntários parciais dos membros e problemas na fala. Em alguns casos, pode não ser possível usar o membro acometido, apesar de não apresentar fraqueza ou perda sensorial.
Demência com corpos de Lewy
Como o próprio nome sugere, além de demência este tipo de parkinsonismo também causa deterioração progressiva das capacidades intelectuais e funcionais do paciente.
Parkinsonismo secundário
Chamamos de secundário porque seu aparecimento não é idiopático, ou seja, é possível identificar a sua causa. Geralmente, a doença surge a partir do uso de medicamentos que interferem no nível de dopamina no cérebro. Os mais comuns são antipsicóticos, alguns bloqueadores dos canais de cálcio e estimulantes como anfetaminas e cocaína. Quando o paciente interrompe o uso da substância e os sintomas cessam se tem a confirmação do diagnóstico.
Paralisia supranuclear progressiva (PSP)
Assim como os outros tipos, o diferencial aqui está em seus sintomas. Podem ocorrer perda de equilíbrio durante caminhada, que resultam em quedas inexplicáveis, esquecimento e alteração de personalidade.
Parkinsonismo vascular
Ocasionado a partir de coagulações do cérebro após múltiplos pequenos AVCs (derrames), desencadeia tremor e rigidez.
Diagnóstico e tratamento do parkinsonismo
Antes de iniciar qualquer tratamento é preciso diagnosticar a patologia. Somente com a identificação da causa é possível determinar a terapêutica.
Em alguns tipos de parkinsonismo o uso de dopaminérgicos pode ser eficaz. Para manter o tônus muscular, a força e a flexibilidade é recomendada a prática de fisioterapia e atividade física bem direcionada. Terapia ocupacional, fonoaudiologia, antidepressivos e toxina botulínica tipo A também podem integrar o tratamento. Não existe cirurgia para parkinsonismo, somente para a doença de Parkinson.
Para a avaliação e tratamento adequados para cada caso é preciso do suporte de um neurologista de confiança.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
Blog, Doença de Parkinson
Mitos e verdades sobre a doença de Parkinson
Quando falamos em doença de Parkinson, geralmente associamos às pessoas idosas. A patologia também é remetida mais diretamente aos distúrbios do movimento (tremores e rigidez de mãos), bem como o comprometimento da qualidade de vida. Embora estas questões estejam no contexto da doença, diversas terapias têm somado com o avanço da medicina para a contenção da evolução dos seus sintomas, que vão para além dos citados aqui, permitindo que indivíduos que convivem com ela há anos possam seguir com vida ativa e produtiva. E, para isso, a informação correta acerca da doença, que desmistifique mitos e apoiem as verdades, se configura em ferramenta. Vamos a elas?
1. Somente pessoas idosas desenvolvem a doença de Parkinson.
Mito. Embora a doença seja, de fato, prevalente na terceira idade, adultos jovens também podem desenvolvê-la.
Por isso, é importante ficar atento a outros sinais que podem indicar o surgimento da doença de Parkinson. São eles: alteração da caligrafia (diminuição da letra), alteração no tom de voz (mais baixo), problemas de equilíbrio e de manutenção da marcha, disfunções de deglutição, entre outros.
2. Quanto antes o paciente for diagnosticado, melhor.
Verdade. A doença de Parkinson é caracterizada por um processo neurológico em que ocorre a perda de uma substância no cérebro responsável pelo bom funcionamento de diversas funções do nosso organismo. Sendo assim, quanto antes o diagnóstico for dado, mais cedo o tratamento poderá ser aplicado para conter a evolução dos seus sintomas.
3. Pacientes com doença de Parkinson não podem praticar atividade física.
Mito. Os exercícios compõem importante parte do tratamento multidisciplinar, controlando alguns dos sintomas relacionados à mobilidade. Ou seja, apoiado pelo profissional da fisioterapia, pode ser trabalhado o fortalecimento dos músculos, favorecendo o equilíbrio e a marcha, por exemplo. O mesmo pode ocorrer com o movimento de mãos em processos que requeiram mais segurança para a realização da alimentação e da higienize pessoal.
4. Somente medicamentos podem auxiliar no controle da doença.
Mito. Existem diversas frentes de tratamento da doença de Parkinson: medicamentosa, reabilitacional física e emocional, e cirúrgica.
5. Não existe cura para a Doença de Parkinson.
Verdade. No entanto, os pilares do seu tratamento são bastante eficazes para a manutenção da capacidade funcional do indivíduo por longos anos.
Embora a maioria dos pacientes consiga controlar alguns dos sintomas por meio da medicação oral, por alguns anos, o próprio remédio, em longo prazo, pode gerar efeitos adversos de piora dos movimentos involuntários. Para esses casos, a cirurgia é especialmente indicada – tanto quanto para os que evoluem naturalmente com o agravamento dos tremores e rigidez das mãos.
Vale ainda destacar, que no campo cirúrgico a indicação é a estimulação cerebral profunda, da sigla em inglês DBS, em que são implantados eletrodos no cérebro do paciente para uma neuroestimulação das áreas ligadas aos distúrbios do movimento. Trata-se do método mais eficaz para o controle dos tremores e rigidez, que apresenta o benefício de não ter efeitos adversos. É um procedimento minimamente invasivo, não ablativo, ou seja, sem lesão das estruturas cerebrais e que pode ser revertido a partir da regulagem dos eletrodos.
6. O paciente com doença de Parkinson pode ter uma vida produtiva.
Verdade. Quando tratada adequadamente, os sintomas podem demorar para se manifestar ou ter sua intensidade amenizada. Ao longo do tempo, pode ser necessário realizar algumas adaptações para execução de atividades diárias, mas nada que impeça de realizá-las.
Se questionar a respeito de possíveis sintomas é o primeiro passo, então converse com o seu neurologista quando possível. As opções de tratamento trazem inúmeros benefícios aos pacientes e para quem os cerca.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
Blog, Epilepsia
Conheça os principais tipos de convulsão
Uma convulsão pode acontecer por diversos motivos e, apesar de ser um dos sintomas da epilepsia, nem sempre a crise convulsiva está relacionada à doença. Dependendo da região cerebral onde ocorre, a convulsão pode apresentar características e denominação específicas.
Antes de introduzirmos qualquer informação, é importante deixarmos claro que epilepsia e convulsão são coisas distintas. Epilepsia é uma doença (como já explicamos aqui), uma disfunção neurológica que pode apresentar a convulsão como um de seus sintomas.
O que é convulsão
Também chamada de crise epiléptica, a convulsão é uma espécie de falha elétrica cerebral que, quando ocorre, sobrecarrega uma região mais suscetível do cérebro.
“A convulsão não ocorre somente em casos de epilepsia. Ela pode acontecer em decorrência de diversos fatores, tais como febre alta, traumatismo craniano, hipoglicemia, falta de oxigênio no cérebro, abstinência de substância química, tétano, tumor cerebral, meningite, encefalite, entre outros”, explica a neurologista Dra. Cristine Cukiert.
Tipos de convulsão
As regiões afetadas pelas descargas elétricas que originam a convulsão podem ser as mais diversas: lobo frontal, occipital, temporal, parietal e assim por diante. Como cada área do cérebro é responsável por diversas funções do corpo humano, o paciente apresenta sinais diferentes de acordo com a parte acometida. Dra. Cristine esclarece:
- Lobo frontal: A convulsão interfere em atividades psicomotoras, como contração muscular no corpo inteiro.
- Lobo occipital: Ocasiona distúrbios visuais. Por exemplo: pontos de luz, bolas luminosas.
- Lobo temporal: O corpo sofre automatismos (reações reflexas), então o paciente pode simplesmente sair andando sem rumo e retornar horas depois como se nada tivesse acontecido.
- Lobo parietal: Localizado entre o lobo frontal e o temporal, a convulsão que afeta o lobo parietal gera distúrbios da sensibilidade. Podemos citar calor excessivo, formigamento, dormência.
Quando a crise convulsiva acontece em só uma região do cérebro podemos classificá-la como focal (ou simples). Quando afeta mais de uma área ao mesmo tempo, é crise generalizada.
A neurologista acrescenta: “Essas crises podem ter (ou não) consciência preservada. Isso significa que há casos em que a pessoa convulsiona e tem ciência de tudo o que está acontecendo a sua volta durante o episódio. Mas, quando o paciente apresenta uma crise sem consciência preservada, ele fica inconsciente e não lembra de nada”.
Dentro das crises generalizadas, há três tipos principais:
- Crise atônica: Aqui, a pessoa perde o tônus muscular, a força. Ela pode desmaiar e perder a consciência. O episódio pode durar poucos segundos e acontecer várias vezes ao dia.
- Tônico-clônica generalizada: Este é o tipo mais comum, a que estamos mais habituados a ver. O paciente cai subitamente no chão com muita rigidez muscular (braços e pernas duros) e contração involuntária. A pessoa também pode salivar, morder a língua e emitir sons (como uma espécie de gemidos). Esta crise é mais extensa, pode durar de um a três minutos. Ao final, o paciente sente cansaço extremo, sonolência, confusão mental e amnésia.
- Crise de ausência: Esta é quase imperceptível. O paciente fica com o olhar fixo, pupila dilatada e, de alguma forma, se desliga do mundo externo. Parece que está ouvindo, mas ele está inconsciente, não ouve e não vê nada. A pessoa retoma a consciência poucos segundos depois e dá continuidade à atividade que estava executando como se nada tivesse acontecido. Também pode acontecer várias vezes ao dia.
“Quando ocorre uma crise convulsiva, mesmo que seja só uma vez, é extremamente importante consultar um neurologista para investigação, pois a cada convulsão pode haver um dano cerebral, mesmo que seja mínimo”, orienta Dra. Cristine Cukiert.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
Texto publicado em 29/09/2020
Blog, Doença de Alzheimer
Mês da Doença de Alzheimer: Aprenda mais sobre ela
Comumente conhecida pela perda da memória, a doença de Alzheimer pode apresentar outros sintomas. Setembro é o Mês Mundial da Doença de Alzheimer, por isso trouxemos informações valiosas para ajudar pacientes e seus familiares a conviver melhor com ela.
Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ), estima-se que até 2050 haja 115,4 milhões de pessoas com a doença no mundo, tendo como base o aumento da população na terceira idade, faixa prevalente do Alzheimer. Mas outros fatores também podem contribuir com o surgimento da doença, que costuma apresentar progressão lenta:
- Como as mulheres vivem mais, acredita-se que este seja o motivo de o público feminino ser acometido com mais frequência.
- Existe a hipótese de pessoas com casos na família também desenvolverem a doença, mas somente 10% são geneticamente determinados.
- Poucos estímulos cerebrais também podem estar ligados ao aparecimento do Alzheimer.
- Colesterol alto, diabetes, alimentação pobre em nutrientes, obesidade, pressão alta, sedentarismo e tabagismo aumentam o risco de desenvolvimento da doença.
Como o Alzheimer acontece?
Todas as funções que o corpo humano realiza (aprender, falar, pensar, memorizar) só acontecem porque os nossos neurônios se comunicam entre si por meio de impulsos elétricos e substância químicas. No caso do Alzheimer, os neurônios deixam de se comunicar devido às alterações tóxicas que destroem essas células. De acordo com a Alzheimer Association, é por isso que pessoas com Alzheimer comumente apresentam sintomas que vão além da perda de memória, tais como:
• Afastamento de amigos e familiares;
• Alterações visuais, como problemas para entender imagens;
• Confusão sobre locais, pessoas e eventos;
• Dificuldades para a resolução de problemas;
• Mudanças no humor ou personalidade;
• Perda de memória recente;
• Problemas com a comunicação (tanto falada quanto escrita);
• Problemas para completar tarefas que antes eram fáceis.
Existe exame para a detecção de Alzheimer?
O diagnóstico da Doença de Alzheimer é essencialmente clínico, ou seja, o neurologista utiliza uma série de ferramentas para eliminar outras patologias e se certificar do diagnóstico:
• Análise e observação do histórico familiar;
• Exame de sangue (para descartar quaisquer outras possíveis causas dos sintomas);
• Exame neurológico;
• Imagiologia cerebral;
• Testes cognitivos para avaliar a memória e o pensamento.
Tratamento para o Alzheimer
Apesar de ainda não existir cura para a doença de Alzheimer, atualmente existem tratamentos para controlar os sintomas iniciais e proporcionar qualidade de vida ao paciente. Alguns medicamentos atuam no aumento de neurotransmissores no cérebro, por isso são capazes de ajudar no início.
Doença de Alzheimer: Como tudo começou?
Em 1906, o psiquiatra alemão Alois Alzheimer publicou o relato de caso de uma paciente saudável com 51 anos que passou a apresentar perda progressiva de memória, alterações de comportamento, desorientação e dificuldade para se comunicar. Após a morte da paciente, o médico realizou uma autópsia e descobriu lesões cerebrais características.
A doença de Alzheimer traz complicações ao paciente e sua família, por isso buscar ajuda médica e grupos de apoio são necessários para a boa condução de vida de todos.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
Blog, Doença de Parkinson, Dor de cabeça, Epilepsia
Quatro doenças que afetam o cérebro
O cérebro é um órgão de vital importância para o funcionamento de todo o nosso organismo. Saber como ele funciona nos ajuda a entender melhor algumas doenças que afetam o cérebro e as suas linhas de tratamento.
Uma curiosidade que pensamos pouco a respeito é como o cérebro trabalha com as informações. Ele processa junto às estruturas do encéfalo tudo o que recebe por meio dos cinco sentidos (visão, audição, paladar, olfato e tato), coordenando nossos movimentos, comportamentos, emoções e, ainda, funções ligadas à inteligência, linguagem, consciência e memória. É por isso que qualquer disfunção no cérebro pode desencadear consequências em todo o corpo humano e em seus sentidos.
Dentre algumas das doenças que afetam o cérebro e as funções do indivíduo, estão quatro:
- Doença de Alzheimer
- Doença de Parkinson
- Enxaqueca
- Epilepsia
Doenças que afetam o cérebro
Doença de Alzheimer
Trata-se de uma doença de evolução contínua que causa a perda de memória e, em longo prazo, demência. É caracterizada pela degeneração das células cerebrais e das conexões entre elas, atingindo, principalmente, pessoas a partir dos 60 anos de idade.
Ainda não foi descoberto o motivo que ocasiona esta degeneração celular e, em virtude disso, a cura para a doença ainda não é possível. No entanto, quando diagnosticada no início – como outras doenças que afetam o cérebro – é possível retardar o seu avanço, controlar melhor os sintomas e proporcionar mais qualidade de vida ao paciente e seus familiares.
Os sintomas da doença de Alzheimer começam de forma sutil, com um esquecimento aqui e outro ali, geralmente de momentos recentes, mas com o passar do tempo a pessoa pode não se recordar do nome dos filhos, perder-se em caminhos já conhecidos, passa a ter dificuldade para se locomover, engolir os alimentos, e assim por diante.
Doença de Parkinson
Tremores, lentidão para se movimentar, rigidez muscular e alteração da postura (postura fletida para frente) e do equilíbrio postural são alguns dos sintomas da doença de Parkinson. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população acima dos 65 anos apresenta a doença.
Assim como na doença de Alzheimer, a doença de Parkinson é progressiva e também ocorre por perda de células do cérebro, especificamente de uma substância chamada dopamina, sendo que o motivo para esta perda também não é conhecido. E em virtude disso, não é possível oferecer cura aos pacientes.
A dopamina é uma substância que está envolvida em funções motoras e comportamentais e sua ausência ainda pode desencadear alterações do sono, do olfato (redução ou perda), do humor (depressão), do hábito intestinal (constipação intestinal), da fala, deglutição, entre outros.
Neste link você encontra diversos vídeos gravados com nossos especialistas para falar a respeito da doença e seus tratamentos, entre medicamentos, terapias de manutenção funcional e cirurgia.
Enxaqueca
Poucas pessoas sabem, mas a enxaqueca também é uma doença que afeta o cérebro.
Também conhecida como migrânea, ela é considerada o tipo mais comum de dor de cabeça – responsável por quase 60% de todas as cefaleias, com predominância no sexo feminino, devido a fatores genético-hormonais.
A enxaqueca se apresenta como dor unilateral, de um lado só da cabeça, latejante, de intensidade moderada a severa, que pode se agravar com atividade física. Além disso, náusea e/ou vômito; sensibilidade à luz (fotofobia), ao som (fonofobia) e à odores fortes (osmofobia), também podem se somar aos sintomas.
Em casos crônicos (mais de 15 dias por mês de dor, com ocorrência em meses sequenciais), o tratamento deve envolver terapias multidisciplinares com uso de medicamentos preventivos e para a contenção de crises, com orientação para mudanças de hábitos alimentares e de comportamentos em geral que possam ser gatilhos da dor. Dentre as inovações medicamentosas para a enxaqueca crônica está a aplicação de Toxina Botulínica A, substância que ajuda a inibir os sinais de dor enviados ao cérebro. A aplicação é injetável em pontos estabelecidos na cabeça, pescoço e região cervical por neurologista especialista na doença e na aplicação.
Epilepsia
A epilepsia é uma doença que se caracteriza pela alteração das conexões neuronais, em que o cérebro emite sinais disfuncionais, localizados ou espalhados por todo o cérebro, causando crises/sintomas de diversas ordens, tais como:
- Contrações musculares;
- Convulsões;
- Perda de percepção;
- Mal-estar na boca do estômago;
- Micção involuntária;
- Mordedura da língua;
- Movimentação espontânea e incontrolável das mãos, braços e pernas;
- Respiração ofegante;
- Salivação intensa.
O diagnóstico da epilepsia deve ser realizado por um neurologista, que irá avaliar quais são as melhores alternativas de tratamento, mas a doença ainda não apresenta cura. As opções para o controle dos sintomas podem ser medicamentosas e/ou cirúrgicas.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
Blog, Cirurgias, Doença de Parkinson
Cirurgia de Parkinson: Saiba como é feita e quais são os benefícios
O primeiro diagnóstico da doença de Parkinson, disfunção neurológica conhecida pela perda progressiva de dopamina no cérebro, foi feito pelo Dr. James Parkinson em 1817. De lá para cá, muito se estudou sobre o problema. As informações de diagnóstico não mudaram muito, mas as estratégias de tratamento, especialmente as técnicas para cirurgia de Parkinson, tiveram substancial avanço. Mesmo sem cura, os procedimentos cirúrgicos contribuem de forma exponencial para a qualidade de vida dos pacientes. Para isso, compreender quais são as indicações da cirurgia de Parkinson e quais podem ser os impactos é relevante para optar pelo tratamento.
Tratamentos para a doença de Parkinson
Existem três vertentes para o tratamento da Doença de Parkinson:
- Medicamentosa;
- Reabilitacional;
- Cirúrgica.
“Os tratamentos para a doença de Parkinson são bastante eficazes – desde o uso de remédios até a cirurgia. Apesar da evolução da doença, a maioria dos pacientes consegue controlar alguns dos sintomas por meio da medicação oral. Mas, em alguns casos, o próprio remédio, em longo prazo, pode gerar efeitos adversos de piora dos sintomas do movimento, por exemplo. Para esses casos a cirurgia é especialmente indicada, tanto quanto para os que evoluem naturalmente com o agravamento dos tremores e rigidez das mãos”, explica Dr. Arthur Cukiert, neurocirurgião e diretor da Clínica.
O tratamento reabilitacional envolve atividade física para proporcionar autonomia ao paciente. “Conforme a progressão da patologia, os exercícios podem ser supervisionados, mas é importante que a pessoa se mantenha ativa independentemente das dificuldades”, orienta o especialista.
Como é feita a cirurgia para a doença de Parkinson
A cirurgia na doença de Parkinson tem o objetivo de controle sob o tremor e rigidez que acometem os membros superiores. O procedimento é chamado de Deep Brain Stimulation – traduzido como Neuroestimulação Profunda do Cérebro e consiste na implantação de eletrodos para modular os estímulos elétricos na região do cérebro afetada pela doença.
Com o paciente acordado, sob efeito de anestesia local, a primeira fase da cirurgia consiste em uma pequena incisão do lado direito e uma do lado esquerdo do crânio, para abrir espaço para o neurocirurgião alcançar a região afetada com os eletrodos.
“O paciente precisa estar acordado para que responda aos estímulos orientados pelo neurocirurgião, até que o tremor e a rigidez estejam estabilizados. É o momento em que o médico se certifica de que posicionou o eletrodo no local certo”, explica o médico.
Em seguida, com o paciente dormindo, os eletrodos são conduzidos por um fio por baixo da pele para a fixação abaixo da região da clavícula. Ali, coloca-se uma bateria (igual ao marcapasso utilizado no coração) que funcionará como um gerador de sinais para os eletrodos dispostos dentro do cérebro.
O procedimento não lesiona estruturas do cérebro, sendo totalmente reversível, caso seja necessário. A recuperação é rápida – o paciente costuma receber alta em dois dias, com retorno ao consultório médico em uma semana.
O paciente consegue desfrutar dos benefícios da cirurgia a partir da consulta com o neurocirurgião para a retirada dos pontos, pois é neste momento que a bateria será ligada. As mudanças mais visíveis são redução da quantidade e da dose das medicações, controle dos movimentos involuntários e redução na intensidade da rigidez. Dr. Arthur reforça: “A cirurgia não é curativa, mas minimiza os efeitos da doença na vida do paciente, que pode voltar a conseguir se alimentar sozinho, amarrar o sapato, abotoar uma camisa, e assim por diante”.
O momento certo para realizar a cirurgia de Parkinson
Muitos pacientes acreditam que para ser candidato à cirurgia de Parkinson basta ser diagnosticado. No entanto, existem algumas condições prévias para tal.
Em primeiro lugar, o indivíduo deve apresentar um quadro importante de comprometimento dos sintomas motores, mas não tanto a ponto de a cirurgia não ser mais efetiva. Essa condição pode se dar tanto pela evolução natural do quadro como dos efeitos adversos da levodopa (medicação de base para a doença).
Identificado que o paciente está apto a ser operado, o neurocirurgião realiza uma avaliação cognitiva e neuropsiquiátrica, pois em casos que há comprometimento cognitivo a cirurgia não pode ser realizada. Feito isso, é testado o nível de interação do paciente com a levodopa. Avalia-se o organismo do indivíduo sob uso e sem o uso da substância. Se quantificar o esperado (como se fosse uma espécie de pontuação), a cirurgia de Parkinson poderá ser realizada.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
Blog, Epilepsia
Quais são os riscos de infecção de covid-19 para pacientes com epilepsia?
Ainda em quarentena, as dúvidas em torno da covid-19 (coronavírus) não param de surgir. Quando falamos em grupo de risco, surgem ainda mais questionamentos porque as particularidades de cada grupo podem ser um fator de risco. Com a epilepsia não é diferente. O paciente epiléptico tem maior risco de infecção por covid-19? As convulsões podem piorar ou ser mais frequentes se alguém com epilepsia for infectado com o novo coronavírus? Estas são algumas das perguntas que responderemos neste texto.
O que é a covid-19?
Antes de nos aprofundarmos nos aspectos individuais da epilepsia, é importante compreender o que é o coronavírus. Segundo o Ministério da Saúde, a covid-19 é uma doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que apresenta um quadro clínico que varia de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a maioria dos pacientes com a doença (cerca de 80%) pode ser assintomática e cerca de 20% dos casos podem requerer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória – desses casos, aproximadamente 5% podem necessitar de suporte ventilatório para o tratamento de insuficiência respiratória.
O grupo de risco – pessoas que estão mais suscetíveis a contrair a covid-19 e apresentam as complicações mais graves – é composto por portadores de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, doenças pulmonares crônicas, doenças cardíacas, pessoas acima de 60 anos de idade e com sistema imunológico enfraquecido.
E qual é a relação da covid-19 com a epilepsia? Confira abaixo.
Epilepsia x covid-19
A fim de orientar os pacientes com epilepsia e seus familiares, a Liga Internacional Contra Epilepsia levantou as principais dúvidas relacionadas ao assunto e as esclareceu:
As pessoas com epilepsia têm maior risco de infecção por covid-19?
Atualmente, não há evidências de aumento do risco de infecção em pessoas com epilepsia em comparação com a população em geral.
As pessoas que estão controladas com medicamentos, ou que apresentam convulsões ocasionais e sem outros problemas de saúde, não correm maior risco.
Para algumas pessoas, a epilepsia faz parte de uma síndrome ou trata-se de epilepsia associada a outras condições ou problemas de saúde. O risco de infecção pode aumentar se esses problemas de saúde afetam o sistema imunológico. Por exemplo: idosos e pessoas com certas condições a longo prazo, como diabetes, câncer, pressão alta, doenças cardíacas e doenças pulmonares crônicas.
Pessoas com convulsões não controladas (especificamente as causadas por febre ou infecção) podem estar mais vulneráveis a um aumento de convulsões no momento da infecção, mas ainda não há evidências disso. O mais importante é garantir que as pessoas com epilepsia continuem tomando seus medicamentos regulares e evitem outros desencadeadores de crises, como álcool e privação do sono.
Pacientes epilépticos têm probabilidade de apresentar complicações desencadeadas pela covid-19?
Qualquer pessoa com um sistema imunológico comprometido ou desafios médicos contínuos pode ter mais riscos de complicações. Os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) incluíram a epilepsia em uma lista de condições que podem aumentar o risco de infecção grave por covid-19, provavelmente por ser uma condição neurológica crônica. O Reino Unido incluiu pessoas com condições neurológicas crônicas (sem especificar epilepsia) como um grupo “em risco”.
As crises podem piorar ou ser mais frequentes se alguém com epilepsia estiver infectado com covid-19?
Até o momento, as informações sugerem que há um risco baixo de piora das convulsões para a maioria das pessoas com epilepsia, caso sejam infectadas. No entanto, adoecer – particularmente apresentar febre – pode tornar as convulsões mais frequentes. A doença estressa o corpo e o estresse também pode aumentar o risco de crises convulsivas.
Devo ir a um serviço de emergência se tiver uma convulsão ou um grupo de convulsões?
Os pronto-atendimentos estão superlotados em decorrência dos casos de covid-19 e pode haver pessoas que apresentam os sintomas da doença. Estes locais separam os casos suspeitos dos que podem ser de outros problemas de saúde, mas ainda assim há risco de infecção. Se você puder, evite os pronto-atendimentos. Se o seu caso não é grave, busque ajuda em um consultório médico.
A maioria das crises tônico-clônicas (crises com atividade convulsiva) dura menos de 2 a 3 minutos e não requer serviços médicos de emergência ou atendimento hospitalar. No entanto, alguns casos requerem atendimento emergencial:
• Se as convulsões tônico-clônicas durarem mais de 5 minutos;
• Se ocorrerem convulsões na água (banhos, natação);
• Se as convulsões forem seguidas por confusão ou recuperação anormal;
• Se as convulsões causarem ferimentos potencialmente perigosos.
Estas são as orientações gerais quando relacionamos epilepsia e covid-19, mas você pode ter outras dúvidas. Neste caso, contate o seu médico para seguir as orientações mais adequadas. Para ler o texto da Liga Internacional Contra Epilepsia clique aqui.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
Imagem: Freepik
Blog, Doença de Parkinson
Doença de Parkinson: Como funciona a cirurgia que pode controlar os sintomas da doença
Tremores, lentidão para se movimentar, rigidez muscular e alteração da postura (postura fletida para frente) e do equilíbrio postural são alguns dos sintomas da Doença de Parkinson. A data de 11 de abril é a oportunidade perfeita para falarmos sobre as opções existentes para controlar os sintomas da doença: Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson. Ainda sem cura, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que doença acometa em torno de 1% da população mundial, sendo 320 mil brasileiros.
O neurocirurgião Arthur Cukiert explica que “a Doença de Parkinson é um problema degenerativo do sistema nervoso, ou seja, algumas porções do cérebro acabam funcionando progressivamente de forma inadequada. Ainda não sabemos exatamente qual é a causa, mas a perda de dopamina pode influenciar em seu desenvolvimento”.
Doença de Parkinson: Qual é a causa?
Na Doença de Parkinson ocorre a perda de células dopaminérgicas, principalmente em uma região chamada de substância nigra. A dopamina é uma substância que está envolvida em funções motoras e comportamentais. Além das interferências motoras, a doença também pode apresentar outros sintomas, como alterações do sono, do olfato (redução ou perda), do humor (depressão) e do hábito intestinal (constipação intestinal).
Como tratar a Doença de Parkinson?
O profissional responsável por guiar o tratamento da doença é o neurologista e, em alguns casos, o neurocirurgião também pode atuar em conjunto. “O controle dos sintomas da Doença de Parkinson é bastante eficaz. A maioria das pessoas acometidas consegue ter qualidade de vida por meio do uso de medicamentos. Entretanto, há casos em que precisamos de outra abordagem, como a cirurgia”, explica o neurocirurgião. “O procedimento cirúrgico indicado se chama Estimulação Cerebral Profunda (DBS – da sigla em inglês deep brain stimulation for epilepsy), que consiste na introdução de um eletrodo no cérebro conectado a um dispositivo estimulador inserido abaixo da clavícula”, acrescenta o especialista.
Posicionado em regiões do cérebro devidamente mapeadas, o eletrodo age modulando os impulsos elétricos disfuncionais, evitando que as crises sejam desencadeadas.
O DBS é um procedimento que não modifica as estruturas cerebrais (ou seja, não ablativo), sendo totalmente reversível (quando necessário) apenas com a retirada dos equipamentos.
No vídeo abaixo, Dr. Arthur se aprofunda um pouco mais no tema:
Se você gostaria de se aprofundar um pouco mais no assunto, aqui você tem acesso a conteúdos específicos sobre a Doença de Parkinson.
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Blog, Cirurgias, Epilepsia
Purple Day (Dia Roxo): 6 mitos e verdades sobre epilepsia
Popularmente conhecido como Purple Day (Dia Roxo), o Dia Mundial de Conscientização Sobre Epilepsia já se propagou mundialmente. Aqueles que sofrem com a doença enfrentam desafios constantes, mas em um dia do ano (26/03) acontece uma “força-tarefa” para elucidar os principais aspectos da epilepsia e mostrar como os pacientes podem ter uma rotina com mais qualidade de vida.
Origem do Dia Mundial de Conscientização sobre Epilepsia (Purple Day)
Motivada por suas próprias experiências com a epilepsia, Cassidy Megan, uma garota de apenas nove anos na época, criou o Purple Day junto à Associação de Epilepsia da Nova Escócia (Canadá) no ano de 2008. Seu objetivo era esclarecer os mitos em torno da doença e compartilhar o sentimento de isolamento que faz parte das pessoas que sofrem com preconceito. Assim, Cassidy escolheu a cor roxa por ser a mesma da lavanda, planta cuja flor é frequentemente associada à solidão.
Em 2009, a Fundação Anita Kaufmann e a Associação de Epilepsia da Nova Escócia criaram estratégias e conseguiram patrocinadores globais para lançar o Purple Day internacionalmente.
O que é epilepsia
“A epilepsia é uma doença do sistema nervoso central que consiste em uma alteração cerebral temporária e reversível que pode durar alguns segundos ou minutos. Durante essa alteração, o cérebro emite sinais incorretos que podem se concentrar em uma só região ou se espalhar por todo cérebro. É isso que pode levar a pessoa a convulsionar”, explica o neurocirurgião Dr. Arthur Cukiert.
Os principais sintomas da epilepsia costumam ser:
• Contrações musculares;
• Convulsões / crises convulsivas;
• Crises de perda de percepção;
• Mal-estar na boca do estômago;
• Micção involuntária;
• Mordedura da língua;
• Movimentação espontânea e incontrolável das mãos, braços e pernas;
• Respiração ofegante;
• Salivação intensa.
O diagnóstico da epilepsia deve ser realizado por um neurologista, que irá avaliar quais são as melhores alternativas de tratamento, mas a patologia ainda não apresenta cura. As opções para controle dos sintomas podem ser medicamentosas e/ou cirúrgicas.
6 mitos e verdades sobre epilepsia
Ao longo dos anos, a facilidade de compartilhamento de informação contribuiu exponencialmente para a conscientização sobre a epilepsia. No entanto, ainda não é suficiente. Atualmente, existem 50 milhões de pessoas vivendo com epilepsia no mundo – podemos estimar que a cada cem pessoas, uma é acometida pela doença. E mesmo com o fácil acesso às informações ainda vemos a propagação de alguns mitos que prejudicam os pacientes. Dr. Arthur separou os principais para abordarmos hoje:
1. A epilepsia é uma doença contagiosa. MITO.
“Trata-se de uma desordem neurológica e nada tem a ver com contágio. É uma alteração cerebral relacionada a outros fatores e entre eles NÃO está o contágio”, explica o neurocirurgião. “Podemos interagir normalmente com pessoas epilépticas, sem preocupação”, acrescenta.
2. Toda convulsão é epilepsia. MITO.
A convulsão consiste no abalo motor e ela pode ser desencadeada por alguns motivos – por exemplo, a alta temperatura corporal (febre), hipoglicemia comum em diabetes, entre outros.
3. Epilepsia é uma doença mental. MITO.
A epilepsia é uma doença neurológica.
4. As crises convulsivas podem ser controladas por medicamentos. VERDADE.
Grande parte dos casos de epilepsia podem ser controlados com o uso do medicamento correto. Para os casos refratários (quando o remédio não surte efeito), existe a possibilidade de realização de procedimentos cirúrgicos.
5. A epilepsia pode acometer pessoas de todas as idades. VERDADE.
A epilepsia pode acometer desde o bebê até o idoso e não tem início, necessariamente, na infância – embora seja mais comum.
6. O paciente com epilepsia pode ter uma vida produtiva. VERDADE.
Com o tratamento adequado é possível controlar as crises convulsivas. Desta forma, o paciente epiléptico pode estabelecer rotinas produtivas, em alguns casos com normalidade, o que lhe permite trabalhar, estudar, ter lazer, se relacionar. Felizmente, o percentual de casos mais críticos é bem menor e para eles os procedimentos cirúrgicos são de grande ajuda.
Ter informação é ter domínio do seu tratamento, por isso é importante conversar com o seu médico. Tire todas as dúvidas e siga as orientações. Esta é a melhor alternativa para construir uma rotina saudável – tanto para você, quanto para os seus amigos e familiares.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
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Tumor de hipófise: sintomas e tratamentos
A hipófise (glândula pituitária) é uma glândula de 8mm de diâmetro localizada na parte central da base do crânio. Embora seja muito pequena, seu desempenho correto regula o desenvolvimento e funcionamento do corpo humano. Em alguns casos de disfunção desta glândula, a origem do problema pode ser um tumor de hipófise.
O que é tumor de hipófise?
Também chamado de adenoma, o tumor de hipófise é considerado raro e, em sua maioria, é benigno. Os adenomas de hipófise representam cerca de 15% dos tumores intracranianos e apenas 0,1% dos casos é maligno.
O adenoma pode secretar hormônios hipofisários, sendo que o tipo de hormônio vai depender do local onde estiver localizado. “Se a hipófise secretar o hormônio do crescimento em excesso pode ocasionar acromegalia ou gigantismo, enquanto sua ausência pode levar ao nanismo. Se liberada em excesso, a prolactina desencadeia lactação não relacionada à gestação. O excesso de cortisol pode levar ao surgimento da doença de Cushing, que pode gerar aumento de peso, estria, e ainda favorecer o desenvolvimento de hipertensão, diabete, entre outras comorbidades”, explica o neurocirurgião Dr. Arthur Cukiert, especializado em cirurgia de hipófise.
Não há causa específica para o desenvolvimento do tumor de hipófise, mas 10% dos casos podem estar relacionados a mutações genéticas.
Principais sintomas do tumor de hipófise
1. Dor de cabeça (cefaleia);
2. Alteração visual (perda da visão periférica e até cegueira);
3. Excesso ou falta de um ou mais hormônios, desencadeando anemia, baixa massa óssea, dislipidemia com aumento de LDL e triglicérides, hipoglicemia, infertilidade, alteração menstrual, diminuição da libido, ganho de peso, diabetes, ansiedade, insônia, entre outros sintomas;
Como tratar um tumor de hipófise?
Assim como em outras doenças, as disfunções hipofisárias podem ser tratadas de forma medicamentosa e/ou cirúrgica. A cirurgia é a única indicação efetiva para estes tumores, exceto quando há secreção de prolactina, sendo o recomendado extrair a massa tumoral e manter a glândula pituitária. “O ideal é que o neurocirurgião remova o que causa a anormalidade sem danificar o organismo. É possível que alguém viva sem a glândula-mãe, mas seria necessário repor todos os hormônios, o que é extremamente desconfortável”, conta Dr. Arthur.
O especialista orienta que os exames de rotina sejam realizados periodicamente. Desta forma, se houver qualquer anormalidade é possível detectá-la no início, antes que se agrave.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
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Conheça a Síndrome de Dravet, um tipo raro de epilepsia
Podemos definir a epilepsia como uma alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral e que pode se apresentar sob diferentes tipos. Hoje, vamos abordar um deles, bastante raro e pouco divulgado, que recebe o nome de Síndrome de Dravet, e que acomete em torno de 1/40.000 pessoas no mundo.
“A origem da Síndrome de Dravet é genética, ou seja, surge a partir de mutações dos genes que passa a desencadear convulsões”, explica a neurologista Cristine Cukiert, uma das especialistas que está à frente do tratamento deste tipo de epilepsia na Clínica. “Ela pode se apresentar com convulsões de difícil controle, com início em crianças abaixo de 1 ano de idade”, acrescenta.
Sintomas da Síndrome de Dravet
Inicialmente, as crises podem ser confundidas com crises febris da infância. “As crises febris são esporádicas e simples, ou seja, com começo, meio e fim rápidos. Mas na Síndrome de Dravet o paciente apresenta convulsões mesmo diante de uma mínima mudança de temperatura corporal. As crises são mais frequentes, mais prolongadas e mais complicadas”, diferencia Dra. Cristine.
Importante mencionar que além da ocorrência das crises, a criança pode apresentar uma parada ou involução do desenvolvimento neurológico. Na prática, isso quer dizer que ela pode deixar de falar (se já falava); se já tinha aprendido algum comando, pode deixar de fazê-lo; se ainda não andava, começa a marcha de uma forma descoordenada e desequilibrada.
Diagnóstico da Síndrome de Dravet
Atualmente, existem testes genéticos para diagnosticar este tipo de epilepsia, localizando o gene que causa a mutação (o mais comum é o SCN1A, presente em 80% dos pacientes) por meio da coleta de sangue. O laboratório analisa a amostra e identifica se há alterações ligadas aos genes que favorecem o desenvolvimento da epilepsia.
“Este exame é um grande avanço pela precisão do diagnóstico e fundamental para o direcionamento do tratamento mais assertivo para o paciente”, comenta a neurologista.
Tratamento para a Síndrome de Dravet
Como a patologia não apresenta cura, o tratamento para a Síndrome de Dravet consiste no uso de medicamentos antiepilépticos para conter os sintomas, não a causa. Em alguns casos, aderir à dieta cetogênica (baixo consumo de carboidratos) pode complementar o uso dos fármacos específicos, como o Stiripentol (medicação ainda não disponível no Brasil, havendo necessidade de importação).
Um medicamento mais recentemente aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration – órgão regulatório americano) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com alta taxa de efetividade é o Canabidiol, composto farmacológico presente em uma planta chamada Cannabis Sativa. A substância não possui características psicoativas, tem baixa toxicidade e alta tolerabilidade em seres humanos, sendo especialmente indicado para pacientes com a Síndrome de Dravet e a Síndrome de Lennox-Gastaut.
Como opção cirúrgica, a estimulação do nervo vago, a calosotomia e a estimulação cerebral profunda também podem contribuir para o controle das crises.
Para todos os casos, é importante sempre consultar o neurologista e esclarecer todas as dúvidas sobre a doença e suas conduções médicas, tendo em mente que as respostas variam de paciente para paciente e os diferentes quadros da doença.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.
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Entenda como a toxina botulínica atua no tratamento da enxaqueca crônica
Sensibilidade à luz, ao som, a cheiros e a movimentos bruscos e náusea são alguns do sintomas associados à enxaqueca, um tipo dor de cabeça forte, de característica latejante e pulsátil. A doença afeta cerca de 15% da população brasileira – algo em torno de 31 milhões de pessoas, a maioria na faixa dos 25 aos 45 anos.
Em casos crônicos, a enxaqueca se torna bastante incapacitante, comprometendo a qualidade de vida e, por isso, requer tratamento especializado com companhamento regular com o médico neurologista focado neste tipo de doença.
De acordo com a neurologista da Clínica Cukiert, doutora Beatriz A. dos Anjos, “o tratamento para a enxaqueca crônica se baseia em métodos preventivos e de contenção de crises, sendo que em casos mais resistentes aos medicamentos orais, pode ser indicada a injeção de toxina botulínica para diminuir a frequência e a intensidade das crises dolorosas”.
Entendendo a toxina botulínica
As toxinas botulínicas são proteínas derivadas da bactéria Clostridium Botulinum, que têm sido formuladas há alguns anos como drogas para uso terapêutico, ou seja, de tratamento de doenças. Existem sete sorotipos diferentes de toxina botulínica: A, B, C1, D, E, F e G. Dentre estes, o sorotipo A é o mais potente e o que proporciona maior duração de seus efeitos. As toxinas botulínicas tipo A comercializadas no Brasil e usadas em neurologia, por exemplo, são a toxina onabotulínica, a abobotulínica e a incobotulínica.
O tipo A age sobre o mecanismo de dor, nos neurônios da cadeia de sensibilidade, justificando a indicação desta medicação no tratamento de enxaqueca crônica refratária (enxaqueca crônica em pacientes que não respondem ao uso de medicamentos).
Aplicação da toxina botulínica
A aplicação da toxina botulínica para tratamento da enxaqueca crônica deve ser realizada por um médico habilitado, considerando o conhecimento sobre a composição da medicação e os locais a serem injetados, sendo em média 30 pontos mapeados na região da testa, têmporas e nuca.
Quanto tempo dura a ação da toxina botulínica no organismo?
O início da ação da substância é gradual tendo, em média, 10 dias para o atingimento total de seus princípios e duração aproximada de três a quatro meses no organismo, dependendo da resposta de cada indivíduo.
IDENTIFICAÇÃO DA ENXAQUECA CRÔNICA
- Afeta um único lado da cabeça (dos olhos até a nuca);
- Dor latejante e pulsátil, de forte intensidade;
- As crises de dor duram de 4h a 72h;
- Intensidade forte;
- Pode vir acompanhada de vômito, náusea, sensibilidade à luz, barulho, odor e movimentos.
Importante: A principal característica que diferencia a enxaqueca episódica da crônica é a frequência e duração dos sintomas, uma vez que na enxaqueca crônica eles persistem por 15 dias no mês (pelo menos), por mais de três meses.
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Neurofeedback: entenda o que é e quais são os seus benefícios
O neurofeedback é um tratamento cujo principal objetivo é o de melhorar o funcionamento cerebral por meio da neuromodulação autorregulatória não invasiva, sendo indicado para a condução de diversas disfunções neurológicas, como explica a neuropsicóloga da nossa Clínica, Fernanda Ortiz.
O neurofeedback permite que o paciente trabalhe diretamente em desafios definidos durante a consulta como se fosse uma espécie de game. Para atingir os objetivos “do jogo”, o paciente precisa redesenhar o seu raciocínio por meio de erros e acertos. Assim, o cérebro é treinado para ser menos impulsivo.
O procedimento do neurofeedback é, então, baseado em um programa de computador conectado ao paciente por meio eletrodos sobre o couro cabeludo, que captam as emissões elétricas dos neurônios e enviam sinais à máquina pela qual o médico visualiza e interpreta as reações do paciente aos estímulos gerados.
“A análise se dá a partir dos sensores que captam os sinais elétricos dos neurônios, que são decodificados e processados pelo software. Com isso, o funcionamento do cérebro pode ser acompanhado em tempo real e permite ao especialista a abordagem mais apropriada em resposta aos estímulos apresentados”, explica a neuropsicóloga.
Para contextualizar o mecanismo do procedimento, Fernanda explica que o cérebro funciona por meio de descargas elétricas, que são a base da comunicação entre os neurônios e que em condições reativas podem ter suas funções aumentadas.
Os exercícios propostos no tratamento mantêm o pulso em faixas de frequência que são determinadas a partir dos objetivos finais, fortalecendo as redes neuronais, aumentando a flexibilidade do cérebro e incrementando a estabilidade mental.
Benefícios do neurofeedback
O neurofeedback pode estimular as habilidades naturais do cérebro, contribuindo para regular e desenvolver suas potencialidades e corrigir distúrbios, melhorando o desempenho cognitivo e comportamental do paciente.
Em casos do Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH), por exemplo, a neurobiologia consiste em lentidão nas áreas pré-frontais do cérebro – região responsável pelo comportamento, emoções e pensamentos. Assim, o neurofeedback é uma das maneiras de treinar o cérebro do paciente para se desenvolver de forma mais eficaz.
“Ao reduzir os padrões do cérebro demasiado rápido e demasiado lento – como ocorre em alguém com TDAH, por exemplo –, o neurofeedback ajuda o paciente a assumir o autocontrole, sendo uma importante alternativa para pessoas que não respondem aos tratamentos convencionais ou que não toleram os efeitos colaterais das medicações”, explica a profissional.
Para que casos pode ser indicado e quanto tempo dura o tratamento com o neurofeedback:
Por ser um protocolo bastante intensivo, o neurofeedback exige dedicação e disciplina, sendo recomendável de 45 a 60 sessões, sendo uma consulta semanal no mínimo.
Não é possível fazer uma definição prévia sobre a quantidade de tempo total, pois irá depender do quadro e da resposta do paciente, entretanto, é um tratamento com efeitos duradouros.
Dentre algumas das disfunções para as quais o neurofeedback tem sido amplamente indicadas, estão:
• Ansiedade e pânico
• Autismo
• Déficit de Atenção (DDA/DDAH)
• Depressão
• Derrames/quadros isquêmicos (AVC’s)
• Desordens do sono/insônia
• Dores crônicas (incluindo Fibromialgia)
• Enxaqueca
• Epilepsia
• Estresse pós-traumático
• Memória
• TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo)
• Traumatismos crânio-encefálicos (TCE’s)
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Monitoramento cerebral deve ser realizado na UTI
O uso do encefalograma em pacientes em coma ou estupor ajuda a proteger o cérebro contra convulsões
Alguns se referiram a ela como uma epidemia silenciosa em pacientes graves em hospitais de todos os lugares. Acontece que muitos pacientes que estão em coma ou estupor (podem ser acordados brevemente com estímulos vigorosos) estão tendo convulsões sem manifestações externas óbvias. Convulsões são alterações na função cerebral devido à atividade elétrica anormal do cérebro, onde muitas células disparam ao mesmo tempo.
Em uma pessoa acordada, isso geralmente se manifesta por não responder por alguns minutos; menos frequentemente, progride para uma convulsão mais dramática do tipo “grande mal”, com rigidez do corpo inteiro, tremor e queda.
Em pacientes críticos em unidades de terapia intensiva (UTIs), a atividade elétrica anormal pode não mostrar manifestações óbvias. Isso é chamado de “crises não-convulsivas” ou “crises eletrográficas”.
Segundo o Dr Larry Hirsch, da Universidade de Yale e responsável pela padronização das anormalidades cerebrais que podem ocorrer no eletroencefalograma de pacientes em UTI, pensava-se que essas crises não-convulsivas eram raras. No entanto, elas são realmente comuns, observadas em 10 a 20% dos pacientes nos quais as ondas cerebrais são registradas, e ainda mais frequentes se os pacientes estiverem em coma, tiveram crises anteriormente ou tiveram uma algum tipo de lesão cerebral aguda conhecida (derrame, trauma, tumor etc.).
Como detectar a crise
Ainda segundo o Dr Hirsch, investigações demonstraram que a maioria das crises em pacientes de UTI são não-convulsivas. Para diagnosticá-las, eletroencefalograma (EEG) deve ser feito. Isso é realizado por um tecnólogo especialmente treinado, conectando eletrodos ao couro cabeludo (usando algum tipo de cola) para registrar as ondas cerebrais por horas ou dias. Isso é interpretado por um neurologista ou neurofisiologista com treinamento especial em análise de EEG.
Crises não convulsivas demonstraram correlação com pior resultado em uma variedade de populações de pacientes. As convulsões levam a uma demanda metabólica adicional por células cerebrais; quando o cérebro e o corpo já estão doentes, isso nem sempre é bem tolerado. Assim, acredita-se que o diagnóstico e o tratamento precoce dessas convulsões salvem as células cerebrais e conduzam a melhores resultados.
Hospitais de todo o mundo estão trabalhando em maneiras de obter o EEG rapidamente e interpretá-los em tempo hábil. Isso requer equipamentos, pessoal, conhecimentos especializados em tecnologia da informação (para poder ler os estudos remotamente em tempo real), tempo e dinheiro.
Estudos preliminares sugerem que o investimento em um serviço de monitoramento contínuo de EEG leva a melhores resultados (menos dias na UTI, melhor sobrevivência, melhores resultados cognitivos) e pode realmente economizar dinheiro a longo prazo.
Artigo produzido por Dr. Arthur Cukiert e veiculado no site Veja Online. Matéria original disponível aqui.
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Uso de Canabidiol no tratamento da epilepsia: Como funciona e quando pode ser indicado
A epilepsia é uma doença que afeta mais de 50 milhões de pessoas no mundo. Embora vários fármacos antiepilépticos tenham sido introduzidos no arsenal terapêutico ao longo da última década, aproximadamente um terço dos pacientes continua resistente ao tratamento medicamentoso. Estas pessoas apresentam o que nós chamamos de epilepsia refratária. Para estes casos, o Canabidiol tem sido indicado com base em estudos clínicos que comprovaram a eficácia e segurança do princípio ativo.
O que é o Canabidiol?
O Canabidiol é um composto farmacológico presente em uma planta chamada Cannabis Sativa. Ele foi identificado em 1963, e vale destacar que não é psicoativo, ou seja, não causa alterações psicossensoriais, tem baixa toxicidade e apresenta alta tolerabilidade em seres humanos. Este composto já ajuda pacientes no tratamento da epilepsia, da dor e da anorexia desde a antiguidade, embora só tenha sido aprovado recentemente pelas agências reguladoras para o tratamento da epilepsia.
Como o uso de Canabidiol no tratamento da epilepsia pode ajudar os pacientes?
Um terço dos pacientes com a doença apresenta resistência aos medicamentos antiepilépticos, o que está associado à redução da qualidade de vida e grave prejuízo psicossocial e cognitivo. Para otimizar o tratamento destes pacientes, ocorre a busca por opções terapêuticas (convencionais e não-convencionais) mais eficazes e com menos efeitos colaterais.
A planta Cannabis Sativa vem sendo aplicada para fins medicinais há milhares de anos, mas só na década de 1960 é que o grupo de Mechoulam isolou os principais componentes e suas respectivas estruturas químicas. Observou-se mais de cem compostos, sendo que aproximadamente 60 deles correspondiam aos componentes canabinóides, cujo principal é o Tetrahidrocanabidiol (este sim apresenta ação psicoativa) e o Canabidiol, cujas propriedades antiepilépticas vêm sendo amplamente avaliadas. A partir destas pesquisas, notou-se que a ação farmacológica do Canabidiol era bastante complexa, mas poderia evitar a propagação de atividades epilépticas.
Como se iniciou o uso de Canabidiol no tratamento da epilepsia
Os estudos iniciais em seres humanos foram realizados pelo grupo de Carlini, no final da década de 70. Os resultados evidenciaram melhora significativa das crises (50% dos pacientes ficaram livres de crises) e presença de poucos eventos adversos (sonolência).
Devido às restrições governamentais impostas a vários países pelo receio ao uso indiscriminado da maconha como droga psicoativa, o primeiro estudo ocorreu após alguns anos. Guiado por Devinsky, a nova pesquisa incluiu 120 crianças e adultos jovens portadores de Síndrome de Dravet, que utilizaram o Canabidiol versus placebo como terapia adjuvante durante 14 semanas.
As primeiras análises mostraram a redução do número total de crises no grupo ativo, sendo que 5% dos pacientes ficaram livres delas. Em seguida, outros estudos foram conduzidos com o intuito de verificar os perfis de eficácia, eventos adversos e interações medicamentosas em um maior número de pacientes com epilepsia resistente. Os efeitos colaterais mais observados foram sonolência, diminuição do apetite, diarreia, alterações comportamentais, problemas de pele, fadiga e distúrbios do sono.
Aprovação do uso de Canabidiol no tratamento de epilepsia refratária
Baseado nestes estudos, o Food and Drugs Admnistration (FDA), agência regulatória americana, aprovou o uso do Canabidiol no tratamento de epilepsia refratária em junho de 2018. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), de acordo com a resolução 2113/2014, regulamentou o uso compassivo do composto como terapia médica restrita ao tratamento de epilepsias na infância e adolescência, também refratárias às terapias convencionais. A prescrição é limitada aos profissionais médicos especializados em neurologia, neurocirurgia e psiquiatria, e os pacientes precisam estar cadastrados no sistema CRM/CFM para a realização do monitoramento de segurança e efeito adversos.
A partir de 2015, a medicação foi liberada para importação a preços bastante altos, o que tem limitado o uso por grande parte da população. Em 2017, o órgão brasileiro facilitou o processo do pedido e liberou o uso do Canabidiol no tratamento da epilepsia para todas as faixas etárias. Devido à crescente demanda, em junho de 2019, foi instituída uma nova proposta regulatória e foram abertas duas consultas públicas, cujo prazo foi finalizado em agosto. A primeira delas trata da regulamentação do cultivo controlado de Cannabis Sativa para uso medicinal e científico. Já a segunda tem como foco o registro de medicamentos produzidos com princípios ativos da planta. Esta iniciativa da ANVISA favorece a produção nacional de terapias feitas à base de Cannabis com garantia de qualidade e segurança, além de ampliar o acesso da população a esses medicamentos.
Se você quer saber mais sobre este tema, converse com o seu neurologista e tire todas as suas dúvidas. Em nossa clínica você também encontra profissionais atualizados com o tratamento.
Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.