Pelo menos 20% dos pacientes diagnosticados com epilepsia não têm a doença e continuarão a ter crises apesar do tratamento.

“É o que chamamos de pseudorresistência”, explicou a Dra. Cristine Cukiert, neurologista e coordenadora do ambulatório de epilepsia do Departamento de Neurologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em uma apresentação durante o XII Congresso Paulista de Neurologia (CPN 2019), realizado de 29 de maio a 1º de junho, no Guarujá, em São Paulo.

“São pacientes que podem apresentar eventos não epiléticos, muitas vezes de origem psicogênica, que permanecem erroneamente diagnosticados e tratados de modo inadequado.”

Com mais de 2.000 participantes, o encontro promoveu debates para a atualização do conhecimento dos neurologistas de São Paulo. Nesta edição, a epilepsia foi um dos temas do segundo dia do evento.

Além do erro diagnóstico e suas consequências, a identificação equivocada do tipo de crise do paciente pode contribuir para a falsa resistência à doença. “Em pacientes com epilepsia generalizada, por exemplo, as imagens do eletroencefalograma (EEG) podem mudar com o avanço da idade, o que é uma armadilha para o clínico”, explicou a especialista. O uso de medicamentos inapropriados pode agravar as crises.

A prescrição incorreta de medicamentos também pode levar ao quadro de falsa resistência. Os erros podem ocorrer em diversos cenários, um deles é a indicação inadequada da dose inicial do medicamento. Há pacientes que não toleram, de início, a dose habitual, apresentando efeitos adversos e consequentemente interrompendo o tratamento – o que provavelmente não aconteceria se começassem com uma dose mais baixa.

Em outros casos, a resposta ao tratamento é prejudicada pelo uso prolongado de subdosagem. A Dra. Cristine contou que muitas vezes atende pacientes em seu consultório que tomam mais de um medicamento para epilepsia em doses muito baixas e, por isso, insuficientes.

Outro aspecto que pode simular a resistência ao tratamento é ignorar a farmacodinâmica do medicamento. “Se o remédio deve ser tomado a cada oito horas, não pode ser utilizado a cada 12 horas. Isso pode comprometer o controle das crises”, alertou a Dra. Cristine. Além disso, é necessário checar a associação de substâncias para evitar interações medicamentosas prejudiciais. “Há situações em que o uso concomitante de alguns anticonvulsivantes pode interferir na concentração dessas substâncias no nível sanguíneo dos pacientes.”

Um dos caminhos para reduzir a incidência de erros é a escuta atenta da história do paciente e das observações feitas pela família, sugeriu a Dra. Cristine. Mas, mesmo com o levantamento minucioso de informações, o diagnóstico requer exames como o EEG, e pode envolver o vídeo EEG, exame que registra a realidade clínica do paciente. A soma das informações do EEG às imagens do vídeo EEG ajuda muito a diagnosticar as características da crise e eventos não epiléticos também.

A matéria acima foi produzida pela jornalista Mônica Tarantino para o site Medscape. Para ler o texto original, clique aqui.

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